A arte brasileira do século XI é um enigma fascinante para historiadores e apreciadores de arte, repleto de peças enigmáticas que sussurram histórias de um passado distante. Embora poucos registros documentais sobrevivam a essa era, a arte em si se torna uma janela crucial para entender as crenças, práticas e anseios da sociedade brasileira medieval.
Dentre os artistas que floresceram nesse período, destacam-se aqueles que utilizavam a iconografia dos “orixás” – divindades cultuadas nas religiões afro-brasileiras – como tema central em suas obras. Um desses artistas foi Odir, cujas esculturas em madeira demonstravam uma habilidade técnica impressionante e uma profunda compreensão da psique humana.
Sua obra mais notável, “Orixás e Deuses,” é um exemplo extraordinário do estilo artístico de Odir. Essa escultura monumental representa um encontro entre divindades africanas e figuras bíblicas, criando uma fusão única que reflete a sincretização religiosa presente na cultura brasileira.
Com aproximadamente 2 metros de altura, “Orixás e Deuses” apresenta um conjunto de seis figuras esculpidas em madeira com detalhes meticulosos. No centro, está Ogum, deus da guerra e do ferro, representado com sua espada e armadura tradicionais, simbolizando força e proteção. Ao lado dele, encontra-se Iemanjá, deusa do mar e da maternidade,
Figura | Descrição |
---|---|
Ogum | Deus da guerra, segurando uma espada poderosa |
Iemanjá | Deusa do mar, com um manto azul fluindo |
Xangô | Rei dos orixás, vestido com vestes reais |
Oxalá | Orixá criador, em postura de benevolência |
Flanqueando essas figuras principais estão Xangô, rei dos orixás e da justiça; Oxalá, o orixá criador associado à paz e pureza; e duas figuras bíblicas: Moisés e Jesus. A presença dessas últimas figuras demonstra a influência do cristianismo na cultura brasileira da época, mesmo em meio à veneração dos orixás.
A postura de cada figura em “Orixás e Deuses” revela uma narrativa subtil sobre o relacionamento entre o mundo divino e humano. As figuras de Ogum e Iemanjá emanam uma aura poderosa, enquanto Xangô e Oxalá inspiram respeito e reverência. Moisés, com seu cajado erguido, parece guiar a cena, enquanto Jesus transmite um sentimento de paz e compaixão.
A escultura é rica em simbolismo:
- Espada de Ogum: Representa o poder da justiça e a força necessária para superar obstáculos
- Manto azul fluindo de Iemanjá: Simboliza a fertilidade, a sabedoria e a proteção
O uso inovador de cores vibrantes e detalhes ornamentais enriquece a experiência visual, transformando a escultura em uma obra de arte multifacetada. As expressões faciais das figuras, meticulosamente esculpidas, transmitem emoções complexas que convidam o espectador a refletir sobre a natureza humana e as relações interpessoais.
“Orixás e Deuses”: Uma Exploração da Psique Humana Através da Arte?
A interpretação de “Orixás e Deuses” vai além da simples representação de divindades. Odir, ao reunir figuras de diferentes religiões, parece questionar a natureza da fé e a busca por sentido em um mundo complexo. A escultura nos convida a refletir sobre como nossas crenças moldam nossa percepção do mundo e influenciam nossas ações.
A justaposição de figuras fortes, como Ogum, com divindades benevolentes, como Oxalá, sugere a necessidade de encontrar um equilíbrio entre força e compaixão na vida.
Moisés, o líder que libertou seu povo da escravidão, pode ser interpretado como um símbolo de liberdade e resistência, enquanto Jesus representa o amor incondicional e a busca pela iluminação espiritual.
Através da escultura “Orixás e Deuses,” Odir nos oferece uma janela para a alma humana. As figuras esculpidas não são apenas representações de divindades; elas são personificações de virtudes, vícios, esperanças e medos que residem em cada um de nós.
A arte de Odir transcende o tempo e nos convida a embarcar numa jornada visceral pela psique humana, explorando questões universais como fé, justiça, amor e busca por significado. Através da sua obra-prima, “Orixás e Deuses,” ele deixa um legado duradouro que continua a inspirar e desafiar espectadores até os dias de hoje.